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A História dos Kanji: Origem e Evolução dos Caracteres Japoneses

Atualizado: 21 de jan.

Os kanji são uma das características mais fascinantes e desafiadoras da língua japonesa. Esses caracteres, que são emprestados do sistema de escrita chinês, têm uma longa e rica história que remonta a milhares de anos. A evolução dos kanji reflete não apenas a interação entre as culturas chinesa e japonesa, mas também a adaptação desses símbolos à língua japonesa, criando um sistema complexo, mas eficiente. Neste artigo, exploraremos a origem, a evolução e o papel dos kanji na escrita e no cotidiano japonês.


japones

1. A Origem dos Kanji na China

A história dos kanji começa na China, por volta de 1300 a.C., durante a dinastia Shang. Os primeiros caracteres foram encontrados gravados em ossos e carapaças de tartaruga, usados em práticas divinatórias conhecidas como ossos oraculares. Esses caracteres pictográficos eram desenhos estilizados de objetos do cotidiano, como animais, pessoas e fenômenos naturais, que representavam diretamente o que retratavam.

Conforme a civilização chinesa avançou, o sistema de escrita também se tornou mais sofisticado, evoluindo de simples pictogramas para caracteres que incorporavam significados abstratos. Esse desenvolvimento levou à criação de um sistema mais formalizado de escrita, o que permitiu o registro de história, literatura e leis.


2. A Introdução dos Kanji no Japão

Os kanji chegaram ao Japão por volta do século V d.C., durante um período de intenso contato cultural entre a China e o Japão. Com a introdução do budismo e do confucionismo, monges e estudiosos japoneses começaram a importar textos religiosos, filosóficos e administrativos escritos em chinês. Esses textos continham os caracteres chineses que, com o tempo, passaram a ser usados pelos japoneses para registrar sua própria língua.

No início, os kanji eram usados principalmente por estudiosos e elites japonesas que escreviam em chinês clássico. No entanto, à medida que o sistema de escrita foi se difundindo, os japoneses começaram a adaptar os kanji para representar palavras e sons de sua própria língua. Assim, os kanji passaram a ter dois tipos de leitura: a leitura onyomi, baseada na pronúncia chinesa original, e a leitura kunyomi, adaptada para o japonês.


3. A Evolução dos Kanji no Japão

A introdução dos kanji no Japão trouxe a necessidade de adaptar o sistema de escrita chinês à língua japonesa, que tem uma estrutura gramatical e fonética bastante diferente do chinês. Ao longo dos séculos, os japoneses desenvolveram maneiras criativas de usar os kanji para representar não apenas conceitos, mas também sons e gramática.

  • Onyomi (音読み): Refere-se à leitura fonética de origem chinesa dos kanji. Muitas vezes, essa leitura é usada em palavras compostas por dois ou mais kanji, como em 大学 (だいがく, daigaku), que significa “universidade”. Essa leitura é uma aproximação do som chinês original e varia de acordo com o dialeto da época em que foi introduzida no Japão.

  • Kunyomi (訓読み): Refere-se à leitura nativa japonesa dos kanji. Em vez de seguir a pronúncia chinesa, o kanji era usado para representar palavras já existentes em japonês. Por exemplo, o kanji  (montanha) tem a leitura onyomi サン (san) e a leitura kunyomi やま (yama), que é a palavra nativa japonesa para montanha.

Além disso, para resolver a dificuldade de adaptar os kanji à gramática japonesa, foram desenvolvidos dois novos sistemas de escrita: hiragana e katakana, ambos derivados dos kanji. Esses dois sistemas ajudaram a representar as partículas gramaticais e as terminações verbais, além de servirem como auxiliares na leitura dos kanji.


4. A Padronização e Uso Moderno dos Kanji

Com o passar do tempo, o número de kanji utilizados no Japão cresceu significativamente, chegando a um ponto em que havia milhares de caracteres. Durante o período Meiji (1868-1912), houve um grande esforço de modernização no Japão, que incluiu a padronização da escrita japonesa. Com o objetivo de tornar a educação mais acessível, o governo japonês estabeleceu listas de kanji recomendados para uso cotidiano, criando o sistema Jōyō Kanji.

Hoje, o Jōyō Kanji contém 2.136 caracteres que são ensinados nas escolas e usados em documentos oficiais e na mídia. Esses caracteres cobrem a maior parte das necessidades de leitura e escrita no japonês moderno. Para passar no Exame de Proficiência em Língua Japonesa (JLPT), por exemplo, o estudante precisa dominar uma quantidade específica de kanji, variando de 100 a mais de 2.000, dependendo do nível do exame.

O uso dos kanji no Japão moderno continua a evoluir, mas permanece essencial em contextos formais e informais.


Conclusão

Os kanji são uma parte fundamental da língua e cultura japonesa, com uma história rica que remonta a mais de dois mil anos. Embora sejam desafiadores de aprender, compreender sua origem e evolução pode ajudar os estudantes a apreciar a profundidade e a beleza desse sistema de escrita. Hoje, os kanji continuam a desempenhar um papel central no japonês moderno, conectando o passado e o presente de uma nação rica em história e tradição.

Bons estudos e boa sorte na jornada de aprender kanji!

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