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A origem e a história do kanji, hiragana e katakana

Atualizado: 21 de jan.

A língua japonesa possui um sistema de escrita complexo, que se divide em três escritas principais: kanji, hiragana e katakana. Antes da criação dos dois sistemas silábicos (hiragana e katakana), havia um método de escrita chamado manyougana, que desempenhou um papel fundamental na evolução da escrita japonesa. Vamos explorar a origem e a história de cada um desses sistemas, incluindo o manyougana.


livro de japonês

Kanji: A Raiz Chinesa


Origem

O kanji é o mais antigo dos sistemas de escrita japoneses, introduzido por volta do século V d.C. através da China. "Kanji" significa literalmente "caracteres chineses" (漢字). Antes dessa introdução, o Japão não tinha um sistema de escrita próprio, então o kanji foi adotado como uma forma de registrar a língua japonesa, mesmo que as estruturas das línguas chinesa e japonesa fossem bastante diferentes.


Desenvolvimento

Originalmente, os kanji eram utilizados principalmente em textos budistas, literatura e documentos oficiais. No entanto, como o japonês e o chinês têm diferenças estruturais significativas, os japoneses começaram a adaptar os caracteres para representar sua própria língua.

Atualmente, os kanji são usados para escrever a maioria dos substantivos, verbos, adjetivos e nomes próprios. O número de kanji de uso comum é de aproximadamente 2.000, conhecidos como Jōyō Kanji (常用漢字), e os kanji permanecem uma parte essencial da escrita japonesa.


Manyougana: O Predecessor do Hiragana e Katakana


O manyougana (万葉仮名) foi o primeiro sistema utilizado pelos japoneses para representar os sons de sua língua por meio de caracteres chineses (kanji). Esse sistema começou a ser utilizado no final do período Nara (710-794 d.C.) e foi amplamente empregado no Manyoushuu (万葉集), a mais antiga coletânea de poesia japonesa, compilada por volta do século VIII.

O manyougana usava kanji para representar sons, e não seus significados. Em vez de utilizar um kanji pelo seu valor semântico, ele era escolhido pelo som que representava. Dessa forma, os caracteres chineses foram adaptados para transcrever as sílabas japonesas. No entanto, como o manyougana não possuía regras claras de simplificação e utilizava muitos caracteres diferentes para representar os mesmos sons, o sistema era bastante complicado.


Hiragana: A Simplificação do Manyougana


Origem

O hiragana se desenvolveu a partir da simplificação dos caracteres manyougana durante o período Heian (794-1185). Inicialmente, ele era uma forma cursiva e simplificada dos caracteres kanji e foi criado para facilitar a escrita do japonês. Como o sistema simplificado não dependia mais de entender o significado do kanji, mas apenas sua pronúncia, o hiragana tornou-se mais acessível.


Desenvolvimento

No início, o hiragana era conhecido como "onnade" (女手), ou "escrita das mulheres", porque era amplamente utilizado pelas mulheres da corte, que não tinham o mesmo nível de educação formal em kanji que os homens. Escritoras como Murasaki Shikibu, autora de O Conto de Genji, e Sei Shonagon, autora de O Livro do Travesseiro, utilizaram hiragana em suas obras.

Hoje, o hiragana é usado principalmente para escrever partículas gramaticais, terminações verbais e palavras nativas que não possuem kanji. Ele contém 46 caracteres, cada um representando uma sílaba.


Katakana: A Escrita dos Monges e Estrangeirismos


Origem

O katakana também foi desenvolvido a partir do manyougana no período Heian. Ele surgiu como uma forma ainda mais simplificada de caracteres kanji, inicialmente criado por monges budistas para anotações e leituras de textos sagrados. Os monges usavam partes dos caracteres kanji para representar sons específicos, criando uma escrita simples e angular.


Desenvolvimento

O katakana ganhou funções mais amplas ao longo do tempo, sendo utilizado principalmente para transcrever palavras estrangeiras, nomes próprios de estrangeiros, onomatopeias e termos técnicos ou científicos. Como o hiragana, o katakana também é um sistema silábico composto por 46 caracteres.


A Convivência dos Três Sistemas

O uso simultâneo de kanji, hiragana e katakana faz parte da riqueza da língua japonesa. Cada sistema tem uma função distinta:

  • Kanji: Representa a parte semântica e conceitual das palavras, como substantivos, verbos e adjetivos.

  • Hiragana: Usado para partículas gramaticais e terminações verbais, facilitando a fluidez da escrita.

  • Katakana: Serve para palavras estrangeiras, nomes de empresas, onomatopeias e outras expressões de ênfase.

A combinação desses três sistemas permite que a escrita japonesa seja incrivelmente expressiva e flexível, capaz de adaptar-se tanto a conceitos tradicionais quanto a novos termos importados.


Exemplo de Uso:

  • Kanji: 学ぶ (manabu, aprender)

  • Hiragana: ます (masu, final gramatical para verbos no modo formal)

  • Katakana: テレビ (terebi, televisão)


Conclusão

A evolução da escrita japonesa, começando com a introdução dos kanji, passando pelo manyougana, e culminando com o desenvolvimento do hiragana e do katakana, é um reflexo da rica história cultural e linguística do Japão. O manyougana desempenhou um papel fundamental para o desenvolvimento dos dois sistemas silábicos do japonês moderno: o hiragana e o katakana, que derivaram diretamente da simplificação dos caracteres usados no manyougana, ele foi a ponte entre o kanji e a criação de um sistema mais simples para transcrever os sons do japonês, facilitando assim a transição da escrita chinesa para algo mais adequado à língua japonesa. Hoje, a convivência desses três sistemas oferece à língua escrita uma profundidade e uma riqueza únicas.

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